Numa guerrilha televisiva, a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) usou o "Jornal da Record", na noite desta quarta-feira, para atacar a Rede Globo. O primeiro bloco do "Jornal Nacional" de ontem foi dedicado à abertura de ação criminal contra o bispo Edir Macedo e mais nove membros da Iurd, por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. A emissora da família Marinho, em rota de choque de audiência com a Record, exibiu imagens de arquivo de Macedo - numa delas, o religioso indiciado ensinava os subordinados a tirar dinheiro dos fiéis.Durante cerca de 15 minutos, o Jornal da Record rebateu as denúncias, destacou os trabalhos sociais da Igreja, mas concentrou a artilharia contra a rival. Também recorrendo a imagens de arquivo, vinculou a Globo à ditadura militar e aos escândalos Time-Life e Proconsult. Declarações do ex-governador Leonel Brizola contra a Globo foram postas no ar, sem excluir a célebre leitura do direito de resposta do líder trabalhista, na voz grave do ex-apresentador do JN Cid Moreira. Mais adiante, entrevistas com políticos "perseguidos" pela emissora carioca, entre eles o ex-ministro da Saúde Alceni Guerra.
Na edição desta quarta, o JN avançou a cobertura, com detalhes da denúncia do Ministério Público, que investigou o uso do dízimo de fiéis para comprar empresas de comunicação e as conclusões do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). Controlada pela Iurd, a Record questionou o vazamento de documentos sigilosos do processo para a Globo. Em narração, o telejornal defendeu a origem do dinheiro e criticou o tratamento dispensado a Macedo, líder da igreja presente em 174 países. "O que motivou os ataques à Rede Record?", indagou-se.Na sequência, a resposta: o "Ibope" crescente das novelas, da cobertura dos eventos esportivos e do reality show "A Fazenda". "Ele é um homem fiel a Deus", disse uma seguidora da Universal, referindo-se a Edir Macedo, no bloco de reportagens relacionadas aos trabalhos de base da Igreja. Por ironia, o telejornal foi apresentado por dois ex-globais, Ana Paula Padrão e Celso Freitas.
Terra
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